Simboliza a morte do velho para o nascimento de um novo estado. Isso se aplica tanto à vida em seu incessante círculo quanto às coisas mais banais do dia-a-dia. A morte dos velhos hábitos para o nascimento de um novo homem


A este processo dá-se o nome de Mortificatio”.


terça-feira, 16 de março de 2010

Guerra






"A essência da guerra é a destruição, não necessariamente de vidas humanas, mas do produto do trabalho humano. A guerra prefigura a forma ideal de despedaçar, de lançar na estratosfera ou de afundar nos abismos marítimos produtos que, de outro modo, poderiam servir para dar às massas um conforto excessivo, e por conseguinte, a longo prazo, torná-las extremamente lúcidas. Mesmo que o armamento não chegue a ser de facto destruído, o seu fabrico, ainda assim, ocupa, na prática, forças de trabalho sem nada produzir que possa ser consumido." - George Orwell em Mil Novecentos e Oitenta e Quatro

O estado Orwelliano dependia da guerra para manter a hierarquia estabelecida, tal como nós hoje em dia.
Para privar as massas de um conforto que lhes poderia abrir o caminho a serem extremamente lúcidas!
Hoje nós, tal como na ficção, não nos damos conta - e a maior parte das vezes nem ninguém sequer se pergunta - se a guerra é real ou não, ou se o objectivo por detrás dessa guerra é válido.
A maior parte das vezes o "inimigo" é fictício, ou pelo menos com capacidades fictícias, como foi o caso das SUPOSTAS armas de destruição massiva no Iraque, como foi o caso dos IMPLACÁVEIS terroristas SUPOSTAMENTE islâmicos no 11 de Setembro, ou, agora bem mais na moda, o SUPOSTO causador do aquecimento global, o fenómeno dos gases de efeito estufa, nomeadamente as emissões de carbono, efectuadas pelo Homem.

Em todas estas situações, e em muitas outras que não citei, há sempre uma GUERRA contra alguém. Ora o Sadam Hussein, ora os radicais islâmicos, ora a própria Humanidade em si. E, em todas estas, tal como em outras, é-nos sempre solicitado algo, algum SACRIFÍCIO como "esforço de guerra"...

A maior parte desses sacrifícios é solicitada aos poucos, uma câmara aqui, um scanner ali, uma taxa de carbono acolá, e, sem darmos conta, temos às nossas costas pesos que nunca antes aceitaríamos, e vigilâncias que nunca antes seriam aceites. porque tudo é feito aos poucos... e com uma astúcia tal, característica de alguns povos nómadas, de nos enganarem e deixarem-nos pensar que nós é que os enganámos! Canção do bandido, é o que é.


A falta de privacidade é cada vez algo aceite por (quase) todos. Se perguntassem a uma ou duas gerações atrás, se estavam dispostos a ter alguém a vigiar-lhe os passos, a resposta seria tudo menos amistosa! Hoje em dia até há quem peça! Há neste momento muitos voluntários para receber um chip que é incorporado (pasme-se) no seu próprio corpo. E pior, há quem escravize os filhos a este sistema pelo facto de lhes colocar um detector, um equipamento de rastreio. Neste aspecto, faço minhas as palavras de um polémico político português "só espero morrer antes que seja obrigatório".


Hoje em dia, se alguém lhe perguntar se pode colocar uma câmara de vigilância no interior do seu quarto, é evidente que diz que não, mesmo que seja para "registar a cara dos gatunos que lá forem". Mas, tendo em conta o evoluir da proliferação da vigilância (quer seja através de câmaras, como também através de "matrículas com chip", cartões únicos, e qualquer dia o chip pessoal), não me espantaria nada que daqui a uns 20 ou 30 anos fosse prática comum ter câmaras da polícia a vigiar o nosso próprio quarto!

Todos estes estratagemas acabam por nos deixar à míngua: à míngua de recursos, à míngua de privacidade, à míngua de ideias.

Sim, até as nossas ideias estão a ser reduzidas a um determinado leque pré-determinado. as crianças na escola são cada vez menos estimuladas a ter o seu próprio raciocínio. Uma breve visita aos manuais da actualidade e qualquer adulto com mais de 30 anos pasma-se por completo. Chegámos ao ponto de não se ensinar a linha de pensamento em que se baseia determinada operação matemática, e ao invés ensina-se (com explícitas imagens) literalmente quais as teclas da calculadora em que se deve carregar para obter o resultado. Mas afinal, estamos a FORMAR indivíduos pensantes, ou meramente a PROGRAMAR crianças para obtermos determinado resultado pré-estabelecido daqui a uns anos?

Somos privados dos confortos suficientes para que deixemos de pensar na situação mundial, nos problemas globais, e passemos a pensar no "comezinho" do dia-a-dia, no comer e no beber, no ter ou não um emprego, e um tecto.
Aqueles que ainda assim vão tendo o suficiente para comer e para beber, são inundados com toda a propaganda lançada pelos mídia, uma enchente de banalidades tendo em vista a distracção da mente, verdadeiros PASSATEMPOS. Mas vejamos, qual de nós responderia afirmativamente à pergunta "Gostava de andar DISTRAÍDO?", ou à pergunta "E que tal PASSAR o SEU TEMPO sem fazer nada?". É que nestes termos já a situação é vista com outros olhos.
Sobra então a seguinte questão?
Se uns ficam limitados pela pobreza, pela carência do essencial à vida, e se outros ficam distraídos com toda a espécie de entretenimento, afinal quem sobra para governar este planeta, e quem é que os vai superintender?
E por fim, onde cada um de nós se encaixa?

 Derfel
"O maior cego é aquele que não quer ver"